Único alambique licenciado no concelho mostrou como é fabricada a aguardente



O segundo Encontro com o Alambique no âmbito da Rota das Colheitas proporcionou um final de tarde rico na experiência do conhecimento que proporciona esta programação dedicada à ruralidade. A propriedade da família Antunes, onde está o único alambique licenciado em todo o concelho de Vila Verde, abriu as suas portas para partilhar com o mundo o aproveitamento do que restou das vindimas, para o transformar numa bebida que hoje é de culto: a aguardente.

Aconteceu este sábado, 26 de outubro, no lugar de Carves, na frequesia vilaverdense de Pico S. Cristovão. Num final de tarde de sol morno típico do outono, a família Antunes abriu as portas da sua propriedade rústica, onde havia sinais claros de uma genuína dedicação à terra, para receber todos os que quisessem ver uma das raras atividades que derivam das colheitas: o fabrico de aguardente. Eram visíveis ainda espigas desfolhadas e armazenas em sequeiros tipicamente minhotos e outras alfaias agrícolas com sinais de utilização recente na quinta. No Lagar aguardava a prensa com os restos de bagaço (uvas espremidas da vindima e de onde já havia sido retirado o sumo do fruto) a aguardar a última transformação no Alambique do Sr. Antunes.


Antes disso, o Grupo Folclórico de Vale do Homem proporcionou uma pequena atuação no recinto da Quinta, a dezenas de visitantes, entre eles figuras da terra como o presidente da associação de freguesias de Vale do Homem, José Pimentel, o diretor do agrupamento de escolas de Moure, Armando Machado, entre outros ilustres, e os novos vereadores do recém eleito executivo municipal, Manuel Lopes, vice-presidente e responsável pelo pelouro da Qualidade, do Ordenamento e Gestão do Território, e Patrício Araújo, responsável pelo Pelouro do Ambiente, Desporto e Actividades Económicas, pela primeira vez a assistir juntos, ao lado do presidente do município, António Vilela, a uma atividade da Rota.

Com uma receção calorosa, os três fundiram-se entre os visitantes. António Vilela, à semelhança do ano anterior, mostrou-se um entusiasta desta prática, observando muito de perto a extração do bagaço para o cesto e depois, junto do alambique de cobre, na apreciação do produto final que gotejava para o recipiente metálico.

Enquanto o bagaço destilava e a aguardente era produzida, o lanche foi servido a cerca de uma centena de aficionados da atividade. Arroz 'a fugir do prato' feito com couves e feijão vermelho, tão característico desta época, acompanhado por pataniscas e sardinhas assadas ao vivo, num braseiro local. Tudo 'empurrado' com broa caseira (e por alguns embebida em aguardente) e vinho verde tinto produzido no concelho. O repasto animou as hostes e o convívio, trocando-se histórias antigas sobre a ruralidade de há décadas atrás.

"Este ano a animação e o lanche foram maiores, com muito gosto para nós, mas o processo de fabrico da aguardente não difere. É assim desde sempre", referiu em jeito de rescaldo o empresário Luís Antunes, o elemento da família responsável pela inserção desta atividade na programação municipal Na Rota das Colheitas. "Há também mais pessoas novas a assistir, porque a divulgação e notoriedade da iniciativa foram maiores", acrescentou claramente feliz pelo sucesso da iniciativa. Vieram de várias zonas do Minho e inclusivamente de Vila Nova de Gaia: um casal de aficionados da ruralidade, com 'casa de férias' na freguesia de Coucieiro, espantados por ser uma atividade de acesso gratuito. "Todos os anos realizamos esta prática, que representa o fim do ciclo das vindimas. Já vivenciámos aqui a desfolhada, as vindimas, como também a Rota das Colheitas insere. Então porque não incluir esta atividade na programação, que é única no concelho?", atirou Luís Antunes justificando parte do sucesso e da adesão popular.

"Isto é mais um ritual das colheitas, numa fase a seguir às vindimas, em que, do aproveitamento do bagaço, se produz a aguardente", comentou António Vilela, o autarca vilaverdense, salientando a relevância desta atividade na programação "este é o único alambique licenciado no concelho". A importância desta iniciativa insere-se num dos objetivos essenciais da programação, que é "perceber qual a origem dos produtos associados à ruralidade e como antigamente se produziam. Possibilitar a sua reprodução e vivência é a vantagem da Rota das Colheitas", acrescentou o presidente da Câmara Municipal de Vila Verde, em jeito de convite aos portugueses para aderirem às restantes iniciativas da programação, que ainda aguardam em Novembro, e relançando a edição 2014.


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