Desfolhada de Milho, Festival da Broa e muita animação em Oriz S. Miguel

O fim de semana que hoje termina, 24 e 25 de outubro, foi de festa em Oriz S. Miguel, com duas iniciativas inseridas na programação Na Rota das Colheitas, que mostraram claramente que a tradição se mantém bem viva na freguesia. No primeiro dia, o grande atrativo foi a recriação de uma desfolhada tipicamente minhota, com miúdos e graúdos a encherem vários cestos de milho. Hoje, foi o Festival da Broa de Milho a fazer as delícias dos apreciadores desta iguaria, confecionada como manda a tradição e acompanhada por sardinhas, carne e um bom vinho verde da nossa região.

A desfolhada começou ao início da tarde de sábado. A jornada arrancou com o corte das canas de milho, que haveriam de ser transportadas num carro de bois para o recinto, nas imediações da Escola Primária de Oriz. Depois, a força de braços dos homens e mulheres tratou do resto. As espigas douradas iam sendo separadas das canas verdes e amontoadas em cestos. Ninguém foi poupado e os vereadores do executivo municipal vilaverdense deram o exemplo, posicionados na linha da frente durante os trabalhos. Em simultâneo, outros trabalhadores juntavam as canas que já não tinham espigas e que mais tarde viriam a formar uma grande meda de palha, fundamental para assegurar provisões para a alimentação do gado durante os meses de inverno.

Gastronomia regional e muita animação
No final, a merecida recompensa após o trabalho árduo. Uma merenda farta, com as mesmas iguarias que no passado os trabalhadores do campo escolhiam para retemperar forças. Sardinhas, pataniscas, tacos de bacalhau, caldo fabricado no pote de ferro sobe o lume, broa caseira e um bom vinho verde da região, num autêntico festim para o palato. Hoje, 25 de outubro, realizou-se a primeira edição do Festival da Broa de Milho Caseira e o forno a lenha acabou por ter pouco descanso numa tarde em que os pratos típicos da cozinha minhota voltaram a assumir lugar de proa. A festa começou animada, com a atuação da rusga de Godinhaços, e assim continuou, num clima de confraternização e alegria. No total, foram servidos mais de 50 quilos de broa, mais de duzentas sardinhas e mais de 30 quilos de carne. Isto antes de começar a sair o caldo verde, que ia fervendo num pote de ferro colocado diretamente sob o lume de uma fogueira.

A tradição é para manter
Preservar e promover a tradição são os termos mais usados na hora de indicar o objetivo do evento. O presidente da Associação de Freguesias do Vale do Homem não fugiu à regra e sublinhou a importância destas atividades na divulgação da cultura local. No entanto, para Paulo Jorge Fernandes a iniciativa permite ainda cumprir outros propósitos. “Estas atividades são muito importantes para dinamizar as freguesias e também para promover o convívio. Depois da época das colheitas e de meses árduos de trabalho no campo, as pessoas têm aqui uma festa para relaxarem e conviverem”, referiu. Por sua vez, o presidente da ARCD de Oriz S. Miguel, Mário Fernandes, garantiu que, apesar de a quantidade não rivalizar com a das colheitas de outrora, ainda existem bastantes produtores agrícolas em Oriz e a tradição está bem viva. O Festival da Broa é a grande novidade deste ano, desafio que a associação abraçou com o intuito de promover e divulgar a freguesia.

Um cartaz único no país

Aqui não entram aparelhos modernos e a broa é fabricada como manda a tradição. A garantia é dada por uma das cozinheiras de serviço. Maria Ferreira descreve rapidamente o método de confeção que aprendeu com apenas 12 anos de idade e que décadas depois está a transmitir às filhas, para que não se perca este saber. Começa tudo com a preparação do fermento, que deve levedar durante algumas horas. De seguida, peneira-se a farinha, antes de colocar água quente e sal. Com o forno a lenha já bem quente, é altura de moldar a massa e colocá-la a cozer. O presidente da Câmara Municipal de Vila Verde, António Vilela, fez questão de marcar presença na iniciativa e deixou elogios rasgados a todos os vilaverdenses que, um pouco por todo o concelho, se envolvem na organização destas atividades, contribuindo de forma direta e significativa para a valorização do território. “O concelho está com muita vitalidade. Este fim de semana temos três iniciativas inseridas Na Rota das Colheitas, noutras tantas freguesias. Esta programação, que vai de agosto a novembro, permite-nos disponibilizar em vila verde um cartaz único a nível nacional, com uma vastidão e enorme diversidade de ações”, afirmou.

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