Matança da Seba e Rojoada: Lage voltou a cumprir a tradição minhota e ainda apoiou uma causa solidária!
A Lage voltou a mostrar que a
chama da tradição está bem viva na freguesia, com a recriação de uma prática
agrícola centenária da região, que outrora se revelava fundamental para a
subsistência das famílias das minhotas durante a estação fria. A ‘Matança da
Seba e Rojoada Solidária’ decorreu passado fim de semana, 01 e 02 de dezembro, e
este ano incluiu também um momento desportivo, uma caminhada solidária com aula
de Zumba. A iniciativa foi um sucesso e augura-se um futuro bastante auspicioso
para as próximas edições. O evento foi organizado pela Junta de Freguesia da Lage
e integrou a programação turístico-cultural Na Rota das Colheitas, do Município
de Vila Verde, que durante quatro meses se desdobrou em mais de três dezenas de
iniciativas de promoção e divulgação da genuína tradição do Minho.
O primeiro dia de dezembro nasceu
com céu limpo e uma temperatura agradável, que se foi mantendo durante o
período de luz. Mais tarde, à medida que o sol ia desaparecendo no horizonte e
a escuridão se começava a instalar, chegava também o frio e ficavam reunidas as
condições ideais para cumprir a prática agrícola centenária. Como é habitual, a
médica veterinária Municipal acompanhou no terreno toda a atividade, garantindo
o cumprimento escrupuloso das normas legais em vigor. A seba morreu sem
sofrimento, após uma descarga elétrica que a deixou inconsciente. De resto, foi
tudo à moda antiga, como manda a boa tradição minhota, e a palha a arder foi
utilizada para a queima do pelo e para fazer a cora da pele. Depois, altura para
o desmanche do animal que outrora alimentava uma família inteira durante grande
parte do inverno. No final, tempo para um momento de amizade e confraternização
entre os presentes, que iam também aconchegando o estômago com as carnes de porco
assadas na brasa e o vinho verde regional.
Rojoada para confraternizar e ajudar o próximo
O serão de sábado (02 de
dezembro) trouxe consigo a rojoada, um banquete que junta todos os anos largas
dezenas de pessoas num convívio alegre e animado. A iniciativa pretende
fomentar a confraternização, reforçar laços na comunidade e implementar uma
dinâmica especial na freguesia, além de contribuir para uma causa solidária. Este
ano, o jantar contou com a presença de mais de 150 pessoas. O
presidente da Junta de Freguesia da Lage, Carlos Pedro Castro, não escondeu a
satisfação pela adesão maciça da população. “As pessoas aderiram a esta causa
solidária, durante a noite tivemos mais de uma centena de pessoas na
rojoada e a matança da seba também teve uma participação extraordinária. A
iniciativa vem crescendo ao longo destes seis anos, queremos continuar a
envolver as pessoas e a evoluir”, afirmou.
“As pessoas são o que de mais importante existe nas freguesias”
O autarca lagense prosseguiu
sublinhando a importância de preservar a cultura popular. “Temos que manter a
tradição viva, partilhar os conhecimentos e os saberes tradicionais. Além
disso, é muito importante fomentar o convívio, porque as pessoas são o que de
mais importante existe nas freguesias. Estas iniciativas também são encontros
de gerações, de pessoas que vivem na freguesia e de outras que vivem fora mas
são naturais de cá e aproveitam a ocasião para reencontrar velhos amigos. Também
há pessoas de fora a aderirem e porque a atividade está a ter cada vez mais
projeção”, referiu, acrescentando que a verba angariada este ano reverte para a aquisição de
equipamento técnico de saúde para uma lagense de idade avançada, que lhe permitirá
ter uma vida mais digna e confortável. Para finalizar, Carlos Pedro Castro deixou
um agradecimento sentido a todos os voluntários que se juntaram a esta causa e
trabalharam de forma abnegada em prol da freguesia.
“Momentos únicos de confraternização e partilha”
A vereadora da Cultura do
Município de Vila Verde também marcou presença numa iniciativa “que nos
transporta à nossa infância e reaviva o espírito de comunidade, em que a
família e a vizinhança se juntavam em torno da matança da seba e,
posteriormente, se voltavam a reunir para a rojoada, em momentos únicos de
confraternização e partilha”. Júlia Fernandes prosseguiu frisando a evolução de
uma atividade que começa a atrair muitas atenções e que apresenta ainda um “bom
potencial de crescimento”. A ‘Matança da Seba e Rojoada’ estava marcada para
novembro, mas acabou por ser adiada por questões de logística e foi a última
iniciativa da edição de 2017 da programação alargada Na Rota das Colheitas.
“As pessoas são tão bem recebidas que mostram sempre vontade de voltar”
A vereadora da cultura não hesitou e fez um
balanço “extremamente positivo” da Rota. “Houve uma grande adesão popular. As
pessoas são tão bem recebidas que mostram sempre vontade de voltar. Ao longo de
quatro meses o concelho viveu uma dinâmica impressionante, com dezenas de
iniciativas de promoção da tradição e da cultura popular, de valorização do
território e dinamização da economia local”, vincou, deixando ainda um forte
agradecimento a todas as freguesias e uniões de freguesia, associações, instituições
e particulares que, em parceria com o Município, trabalharam para o sucesso da
programação.
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