A tradição do mundo rural foi rainha na XVIII Festa das Colheitas de Escariz S. Martinho
Uma freguesia que tem orgulho na sua ruralidade e a celebra a rigor. Durante dois dias, 28 e 29 de setembro, a XVIII
Festa das Colheitas trouxe a Escariz S. Martinho o que de mais autêntico e
genuíno a tradição local tem para oferecer.
E os participantes não se limitaram a assistir. Puderam pegar nas alfaias
para cortar o milho e saborear uma merenda típica no campo para recuperar
forças depois do trabalho duro. Retirar as espigas das canas na desfolhada e
provar o vinho de maçã, especialidade local. Saborear as iguarias da gastronomia
regional na tasquinha e levar para casa os produtos frescos do campo da feira
das colheitas. Cantar e dançar ao som das rusgas e do festival de folclore.
Sentir na pele o genuíno pulsar do mundo rural.
Nem a igreja paroquial escapou à ‘avalanche’ das colheitas. Como já é
habitual, a decoração dos altares com autênticas obras de arte criadas com
produtos do campo encheu de cor o templo escarizense para agradecer ao Céu
pelos frutos da terra. Um trabalho minucioso que espelha de forma cristalina a
dedicação, criatividade e engenho da população local. Dois dias de exaltação da
ruralidade e da cultura popular numa iniciativa organizada pela Paróquia local,
com o apoio da União de Freguesias de Escariz S. Mamede e Escariz S. Martinho, inserida
na programação Na Rota das Colheitas, do Município de Vila Verde.
Entre o público estava Rosa Branca, uma grande ‘adepta’ do certame. Nasceu
em Atiães, mas mora em Escariz há décadas e não perde uma edição da Festa das Colheitas
de Escariz S. Martinho. “Eu adoro isto, porque fui criada no campo. Com 17
anos, já lavrava no campo da ribeira com duas juntas de bois e o meu pai à
tangente”, recordou, acrescentando que “ainda tenho campos que cultivo e de lá
tiro o pão e o vinho”. Mas nem só do trabalho vive a tradição: “Adoro cantar e
dançar”. Por outro lado, Rosa Branca considera que estas iniciativas são
fundamentais “para que a tradição do agricultor nunca acabe, já vem dos nossos
antigos”.
Visitantes procuram o genuíno
A Festa das Colheitas de Escariz S. Martinho é um dos momentos altos da
agenda local e, por esta altura, chegam à freguesia visitantes vindos de várias
regiões do país. Alguns em transporte individual, outros em autocarros de
excursões, todos para viverem experiências autênticas. “Fazemos as coisas de
forma genuína, com os produtos do campo, as tradições locais… É isso que dá
identidade e força a esta iniciativa. As pessoas procuram muito isso, o que é
autêntico”, afirmou o presidente da União de Freguesias de Escariz S. Mamede e
Escariz S. Martinho, Adelino Machado.
Numa freguesia em que a ruralidade continua muito vincada, todos os
produtos vendidos na Feira das Colheitas e muitos dos que são utilizados na
confeção das iguarias gastronómicas “são cultivados pela população local”. “Mesmo
que não sejam agricultores, quase toda a gente tem um quintal em casa. São
produtos caseiros de grande qualidade”, referiu o autarca.
A festa só é possível graças ao forte envolvimento da comunidade local, “de
uma forma ou de outra, numa atividade ou noutra, quase todos os lugares da
freguesia participam”, prosseguiu Adelino Machado. Preservar as tradições,
hábitos e costumes do mundo rural é outro dos objetivos do evento, pelo que se
torna essencial envolver também a população mais jovem, “para perceberem e para
poderem dar continuidade”.
Uma mostra de arte, talento e dedicação
Presente no local, a vereadora da
Cultura do Município de Vila Verde mostrou-se encantada com a “união entre
todas as pessoas e instituições, trabalham para valores maiores, para o
progresso da freguesia”. Júlia Fernandes realçou o trabalho dedicado e
talentoso desenvolvido na decoração dos altares. “A igreja está fabulosa e
muitíssimo bem trabalhada, aquele quadro da esperança e da fonte de vida é um
trabalho extraordinário. Esta freguesia consegue-nos surpreender ano após ano. De
realçar que o ‘pontapé de saída’ das decorações da igreja com frutos e plantas
foi dado aqui, há 18 anos, uma prática que já se foi alastrando a outras
freguesias”, referiu.
A vereadora da
Cultura sublinhou ainda que o cariz genuíno das atividades é um dos grandes
atrativos da iniciativa. “O corte do milho com a merenda no campo. Depois o
transporte no carro de bois até ao adro da igreja, acompanhado pelas rusgas… Criam
um quadro tradicional para uma recriação autêntica das desfolhadas do tempo dos
nossos avós”, afirmou.
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