‘Tradições dos Nossos Avós’ levaram Cervães ao encontro da arte da tecelagem



Cervães recebeu, de 26 a 28 de outubro, a quarta edição da iniciativa ‘Tradições dos Nossos Avós’, que todos os anos destaca uma atividade tradicional da região. Desta feita, as luzes dos holofotes estiveram viradas para a arte da tecelagem, com exposições (do antigo ao moderno), visitas guiadas e demonstrações sobre o tema. Como já vem sendo habitual, o programa deu também a conhecer os métodos tradicionais de preparação e confeção do pão de milho. 

“A tecelagem ainda é um modo de vida em Cervães. Há muitas pessoas da freguesia que tecem e há outras que trabalham como intermediárias entre os produtores e os armazéns comerciais”, avançou Maria Amélia Oliveira, que organiza o evento em conjunto com o Centro Escolar e o Centro Social e Paroquial de Cervães. A cervaense destacou também o forte envolvimento de crianças e jovens para passar estes saberes às gerações mais jovens.

Maria Amélia Oliveira sublinhou a importância de Cervães ter uma iniciativa capaz de “reavivar várias tradições ao longo dos anos”, salientando ainda a união da freguesia em torno do evento, já que a organização contou com o apoio da Junta de Freguesia de Cervães, associações e comunidade local. A iniciativa integrou a programação Na Rota das Colheitas, do Município de Vila Verde. 

Do passado ao presente

A edição deste ano arrancou com a exposição sobre a tecelagem, aberta ao público durante os três dias de ‘Tradições dos Nossos Avós’, e com uma tecedeira a trabalhar ao vivo no tear, numa demonstração que aguçou a curiosidade do público. O pontapé de saída foi abrilhantado por dois momentos musicais, um com cantares tradicionais e outro com músicas atuais, numa mostra do talento local.

A exposição, dividida em três setores, apresentou a evolução dos métodos e utensílios ao longo do tempo. O primeiro setor com as alfaias de antigamente, o segundo com a tecelagem moderna e o terceiro contou com trabalhos elaborados pelos alunos do Centro Escolar de Cervães, cada vez mais familiarizados com os saberes tradicionais. Entre fusos, caneleiros e teares, entre outros utensílios, pontuavam também panos, toalhas, bolsas, tapeçarias… os produtos finais da arte da tecelagem. 

A mostra atraiu vários visitantes, entre os quais Avelino Cunha, que marcou presença motivado pela esposa. Avelino Cunha estreou-se este ano na ‘Tradições dos Nossos Avós’ e revelou que gosta da ideia de reavivar as tradições, acrescentando que “a tecelagem ainda faz parte do dia-a-dia de muita gente da freguesia”.

Uma tradição com futuro

O segundo dia incluiu um momento dedicado ao ciclo do pão de milho. Da preparação à cozedura em forno de lenha, os presentes aprenderam a confecionar esta iguaria regional à boa moda de antigamente e depois saborearam o resultado final. No último dia, destaque para a partilha de conhecimentos entre diferentes gerações com visitadas guiadas dos alunos do Centro Escolar e dos idosos do Centro Social e Paroquial de Cervães.



Para a Vereadora da Cultura do Município de Vila Verde, esta iniciativa contribui para garantir “que esta tradição [da tecelagem] não se irá perder”. Júlia Fernandes referiu que o forte envolvimento de crianças e jovens nas ‘Tradições dos Nossos Avós’ é vista como “um passar de testemunho” e que a programação Na Rota das Colheitas também passa por aí, “trazer a tradição para os tempos atuais e levar as novas gerações a perpetuá-la, experimentá-la e a ter vontade de ‘transportá-la’ para o futuro”. A vereadora concluiu deixando os parabéns a Cervães por “mais um ano de grande envolvimento de toda a freguesia, especialmente da comunidade educativa”.

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