Já participou numa malhada do centeio?

10 AGOSTO, 15h
Em Aboim da Nóbrega
Lugar de Zebreiro, Eira da Pena: Mapa Google


Malhada Tradicional do Centeio
Pegar no malho e recordar tempos antigos


No próximo sábado, 10 de agosto, a freguesia de Aboim da Nóbrega, no extremo norte do concelho de Vila Verde, vai recriar para os 'filhos da terra' emigrados, e para visitantes e turistas curiosos, uma tradicional malhada do centeio, como se praticava antigamente. Vai acontecer na Herdade da Pena, no Lugar de Zebreiro e esta é a segunda iniciativa da programação turística Na Rota das Colheitas, dinamizada pelo Município de Vila Verde, com organização da Junta de Freguesia de Aboim da Nóbrega.

Toda a freguesia de Aboim vai juntar-se este sábado, na Eira da Pena, para a recriação de uma mega malhada do centeio, nos moldes antigos, como se praticava há 60 anos atrás. A freguesia está, por esta altura, com o dobro da sua população, graças ao regresso dos 'filhos da terra' emigrados em outros países e que adoram participar nestas atividades. O objetivo é não deixar esquecer um património imaterial que faz parte da genética rural do concelho de Vila Verde, especialmente das freguesias a norte, como Aboim da Nóbrega.



As práticas agrícolas eram associadas a trabalho duro, longas jornadas ao sol, rústicas e perigosas alfaias agrícolas, mas também era associada à fartura das merendas, à generosidade e alegria das gentes, à festa espontânea e ao convívio salutar que se gerava. Tudo isto vai ser espontaneamente recriado este sábado, no Lugar de Zebreiro, por gentes que conhecem e viveram muito bem esta prática no passado, e cuja emoção vão partilhar com os convivas. Uma oportunidade única para assistir a uma prática quase extinta!



Malhar, essa arte já extinta.

A malhada do Centeio vai acontecer ao início da tarde (15:00). O centeio previamente seco em semanas anteriores ao sol vai ser estendido na eira, uma tarefa outrora desempenhada por mulheres. Em filas, forram o chão, enquanto os homens preparam os malhos, os instrumentos de 'violência', destinados a separar a semente da erva sem a esmagar. Não é uma tarefa para qualquer um e a técnica leva anos a apurar. É dura e exigente em termos físicos, num misto de exigência física e técnica.

Tamanha perícia é ainda exigida na conceção dos malhos. Estes instrumentos eram produzidos à mão e muitos dos seus artesãos eram os próprios malhadores que assinavam o instrumento personalizando o cabo com desenhos e dizeres gravados em baixo relevo, na madeira. Ao cabo era 'engatado' o malho, através de uma ligação tão flexível quão resistente, que permitisse à extremidade um desempenho vigoroso. O couro era o material preferido e recomendado para estabelecer esta ligação.


A extremidade do malho era composta por um pedaço de madeira arredondado, com o tamanho e largura de um braço, esculpido à mão. Esta era a parte 'móvel' do malho, a que protagonizava as estocadas vigorosas e secas na erva colocada sobre a eira, instrumento que também era usado na malhada do milho.

Raras vezes durante os duelos, um elemento ficava para trás, quando o malho se desprendia do cabo, dada a 'violência' dos golpes. Aqui residia o perigo e a comédia desta prática, pois algumas extremidades voavam para cair em parte incerta.


Petiscos e boa 'pinga' acompanhados de animação

Os convivas que tiverem a sorte de presenciar a esta atividade, vão sentir ainda a generosidade das gentes serranas de Vila Verde, através da partilha dos petiscos, destinados aos homens e mulheres que se vão dedicar a esta árdua tarefa. Pastaniscas, broa caseira, presunto, entre outros, regados com vinho verde tinto da região constam do Menu.

Para quem não resistir a uma boa moda saída das vozes locais e das concertinas, enquanto os homens malham o centeio, quem assiste pode dar um passinho de dança, numa tarde que se espera cheia de animação e partilha de lembranças de tempos idos.

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