Inaugurado 1º Museu do Linho em Portugal



O primeiro museu exclusivamente dedicado ao linho em Portugal foi inaugurado esta tarde, em Vila Verde, na freguesia de Marrancos. Assim se concretiza um dos sonhos de Abílio Soares Ferreira, presidente da Associação Cultural e Recreativa de Marrancos (ARCM), que cedeu a sua coleção privada para a tornar acessível à visita de todos. O Município de Vila Verde e a Junta de Freguesia proporcionaram todas as condições logísticas para que este Museu tivesse a excelência para ser visitado pelo público.

"Está de parabéns Marrancos e Vila Verde, mas está especialmente de parabéns um homem que contribuiu sobremaneira para que este Museu fosse uma realidade, o Sr. Abílio!", regozijou-se o presidente do Município de Vila Verde, António Vilela, que aproveitou para mostrar que a perseverança e o sonho movem Abílio Ferreira: "Há uns bons anos abordou-me referindo que tinha um espólio em casa e convidou-me a visitá-lo. Fiquei verdadeiramente encantado com o seu acervo e desde então abraçamos com ele a ideia de criar um museu para expor todos estes objetos e memórias". "O Sr. Abílio não é apenas um apaixonado do linho. É também um homem da cultura e da etnografia, a quem o concelho muito deve", prosseguiu o autarca.




A presidente da Junta de freguesia local, Anabela Gonçalves Fernandes realçou esse facto, mostrando-se orgulhosa pela concretização da obra: "Esta foi uma forma inteligente de aproveitar uma antiga escola e transformá-la num museu, ainda por cima tão especial...". A autarca acrescentou que "é uma felicidade para Marrancos ter uma personalidade com esta devoção pela cultura como o sr. Abílio".

Abílio Ferreira era um homem emocionado nessa tarde e confessava-se "satisfeitíssimo". "20 anos é o tempo que colecionei todos estes objetos. E os que se estragaram ou ficaram de fora...", realça o dirigente da ARCM.


1º Museu do ciclo do Linho

Situado na antiga Escola EB de Marrancos, este é o primeiro Museu do Linho exclusivamente dedicado a narrar o seu moroso e complexo ciclo. Outros existentes no país dividem o seu protagonismo com outras matérias primas ou dedicam-se apenas a retratar algumas das suas fases. No Museu do Linho de Vila Verde, as 16 fases do seu ciclo são evidenciadas através dos artefactos, fotos e trajes usados, e na explicação da sua execussão e presença do linho nos diferentes estádios da sua transformação.


Constituído por quatro espaços, o Museu começa por um local de interpretação e multimédia, onde é disponibilizada toda a informação necessária para melhor compreender a visita. Duas salas são então ligadas por um corredor que simbolicamente narram a transformação da erva em fio.

Na primeira é dado protagonismo às primeiras seis fases do linho; da semente à rega, até à colheita, ilustrados através de fotos e de sementes; as outras três constituem as primeiras de transformação: "ripado, curtido e secado" e implicam o uso do ripadouro e do curtiço.

No corredor dá-se a transformação da erva em fio, através da presença dos instumentos, todos em madeira que permitem moer, espadelar, assedar e fiar o mesmo.

Já na última sala, a cor ocre da erva seca dá lugar ao branco do fio a ser tecido. O depuramento do linho começa com a cozedura, em panelas de ferro de três pernas para irem às lareiras, para depois ir a corar. O fio é então dobado, novelado, urdido e finalmente tecido. Estas duas últimas operações são garantidas pela presença de dois enormes e antigos engenhos, mas plenamente funcionais, como o tear, que foi usado na visita inaugural para demonstrar como se faziam os tecidos manuais de linho por uma das voluntárias da ACRM.

O museu do linho, estará abertoi aos fins de semana, sábado todo o dia e domingo, apenas de manhã. Durante a semana, mediante marcação. Nesta fase inicial a visita é gratuita.

A recriação de todas as fases do tratamento do linho, de onde sobressai a espadelada, foi feita no final, em frente ao novo espaço museulógico vilaverdense, uma prática que se revelou com mais encanto e simbolismo do que nunca...



Comentários