Loureira entra Na Rota das Colheitas com a recriação de uma malhada tradicional de feijão
A Loureira estreou-se este ano nas andanças da Rota com a
recriação de uma malhada de feijão à moda antiga. As vestes de outrora e as alfaias
agrícolas, o eco dos malhos a compasso e das vozes das desgarradas, a animação
e o convívio no fim da jornada. Tudo preparado a preceito, como manda a
tradição. A iniciativa decorreu durante a tarde de ontem, 15 de agosto, e insere-se
na programação Na Rota das Colheitas, do Município de Vila Verde, que de agosto
a novembro brinda os participantes com mais de 30 iniciativas numa viagem pela herança
cultural da tradição minhota. A festa prossegue, durante o dia de hoje, na
Loureira com Festival da Rádio Voz do Neiva, inserido no evento Loureira em
Festa – Arraial do Emigrante, com uma autêntica maratona de música popular que
vai levar dezenas de artistas ao palco colocado na Zona da Ponte Nova.
Uma malhada de Feijão
como manda a tradição
O dia soalheiro deu o tónico para uma tarde extremamente agradável.
Pouco passava das 16h00, quando as vozes afinadas e os acordes dos instrumentos
da música popular começaram a tomar conta do recinto. Uma viagem no tempo que
ganhou contornos mais reais com os trajes e as alfaias de outrora. O som dos
malhos a compasso ecoava pelas redondezas à medida que os homens quebravam os
pés de feijão dourados pelo sol. Com a violência do impacto, as vagens abriram
e libertaram os grãos de feijão. De seguida, as mulheres começaram a separar os
grãos da palha. Primeiro com um ancinho para retirar a parte maior e depois com
um crivo, para uma peneiração mais eficaz. A malhada não ficaria completa sem
uma merenda, com destaque para as afamadas sopas de cavalo cansado, que
ajudaram a fortalecer o corpo e o espírito. No final da iniciativa a animação
prosseguiu as atuações do Rancho Típico das Lavradeiras de Aboim da Nóbrega e do
Rancho Folclórico de Santo Eulália de Cabanelas.
“Continuem a lutar
pelas nossas tradições, é com elas que alavancamos e projetamos o nosso futuro”
Presente no evento, o presidente do Município de Vila Verde
deixou rasgados elogios à iniciativa. António Vilela frisou a importância de
preservar a herança cultural vilaverdense, transmitindo-a às gerações mais
jovens, e de a promover, valorizando e dinamizando o território. “A Loureira
juntou-se pela primeira vez à Rota com uma das tradições de Vila Verde, que é
um concelho principalmente agrícola. Recentemente, tivemos a recriação de uma
malhada do centeio, hoje é do feijão, e durante a Rota ainda vamos ter
desfolhadas, vindimas e pisadas de uvas, entre outras, tudo nos moldes de
antigamente. Quero deixar uma palavra de agradecimento a todos os participantes
pelo excelente trabalho que aqui desenvolveram e gostaria de deixar uma palavra
de incentivo para que continuem a lutar pelas nossas tradições, é com elas que
alavancamos e projetamos o nosso futuro”, afirmou.
“Aproveitar e
impulsionar as potencialidades do concelho”
O edil realçou também a atitude e o vigor de um dos
malhadores, Francisco Peixoto, que com quase nove décadas de existência ainda
consegue brandir o malho. “A Junta e a população Loureira estão de parabéns pela
promoção da Ponte Nova, uma zona emblemática do concelho. É necessário aproveitar
e impulsionar as potencialidades do concelho. Obrigado por estarem a fazer este
trabalho para a freguesia, para o concelho e para a nossa cultura e tradição”,
concluiu. Por sua vez, o presidente da Junta de Freguesia da Loureira, Pedro
Dias, agradeceu “a presença de todos e, de forma especial, dos intervenientes,
que uniram esforços para realizar esta malhada tradicional de feijão”. Pedro
Dias sublinhou ainda que acredita que a iniciativa veio para ficar e que vai crescer
nas próximas edição da programação turístico-cultural Na Rota das Colheitas.
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