Lage recriou ‘Matança da Ceba e Rejoada’ para preservar a tradição e juntar a comunidade


Preservar a tradição e fomentar o convívio entre a comunidade foram os principais objetivos da ‘Matança da Ceba e Rejoada’, que decorreu na Lage, a 23 e 24 de novembro. Contas feitas, o balanço é “muito positivo” e a iniciativa está de ‘pedra e cal’ na freguesia e Na Rota das Colheitas, afirmou Carlos Pedro Castro, presidente da Junta de Freguesia da Lage, que organizou o evento com o apoio da Comissão de Festas em Honra de Santa Helena. O autarca destacou o ambiente de tradição e convívio que se viveu no primeiro dia e a adesão à Rejoada com Papas de Sarrabulho, ao almoço de domingo, “vieram pessoas de Braga, Guimarães e outros pontos do distrito”. 

A iniciativa recriou uma prática agrícola tradicional que destacava a forte entreajuda e espírito de comunidade na freguesia e um pouco por todo o Minho Rural, recordou Carlos Pedro Castro. “Nesta altura do ano, a vizinhança juntava-se para a matança da ceba (porco) e fazia-se à vez na casa de cada um. Depois, distribuía-se o sarrabulho entre todos e havia rejoada no domingo seguinte. A carne sobrante era conservada na salgadeira para ser consumida durante todo o inverno”, afirmou. 

Por sua vez, o vereador Patrício Araújo, do Município de Vila Verde, sublinhou o simbolismo da iniciativa. “Era precisamente por esta altura, com tempo frio, que as famílias matavam o porco, uma prática agrícola fundamental para garantir mantimentos por vários meses. Decorreu na Lage, uma terra com tradição nesta área, que teve e ainda tem muitos produtores de gado suíno”, afirmou, acrescentando que preservar as tradições minhotas é um dos grandes objetivos da programação Na Rota das Colheitas. 

O evento arrancou a meio da tarde de sábado, 23 de novembro, com a recriação da prática agrícola da matança da ceba. O processo decorreu de acordo com a legislação em vigor, mas preservou vários traços tradicionais. A palha a arder rompeu a tarde fria no Monte de Santa Cruz - Santa Helena para a queima do pelo e cora da pele. De seguida, procedeu-se ao desmanche do animal que outrora era fundamental para garantir as provisões para o inverno. Depois, o convívio continuou pela noite dentro com vários petiscos para fortalecer o corpo e o espírito (destaque para as tradicionais sopas de cavalo cansado) e o som alegre da música popular para animar a festa. 

No domingo, ao almoço, tempo de sentar a família e os amigos em torno de uma mesa farta para a Rejoada com Papas de Sarrabulho, que pretendeu fomentar a confraternização e reforçar laços entre a comunidade. A fama da atividade gastronómica já extravasou as fronteiras do concelho e, além da população local, atraiu visitantes de vários pontos do distrito. No total, foram cerca de 120 convivas que responderam afirmativamente ao repto lançado pela organização e estiveram na Lage para saborear um dos mais apreciados pratos da gastronomia minhota.

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